A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, disse nesta quarta-feira (8), durante evento em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, que a baixa representatividade feminina nos espaços de poder é um “déficit” para a democracia.
O evento, intitulado de “O olhar delas”, também contou com a presença da ministra do STF Cármen Lúcia; da médica pneumologista Margareth Dalcolmo, considerada uma das principais especialistas na área da saúde e referência no combate à Covid-19; da atriz Regina Casé, entre outras personalidades, como a produtora Paula Lavigne.
“É preciso que se diga que o déficit de representatividade feminina significa um déficit para a própria democracia brasileira. Reverter essas disparidade histórica de representação é imperativo que nos desafia a todos. Homens e mulheres, partidos políticos. Sociedade civil e instituições do estado”, afirmou Rosa Weber.
Segundo a ministra, avançar na resolução das desigualdades significa aperfeiçoar a democracia “transformando um potencial direito em um direito efetivamente exercido”.
Já Cármen Lúcia afirmou que, apesar de trazer reflexões sobre o papel da mulher na sociedade brasileira, a data não vem “exatamente para comemorar”.
“Ainda há um longo caminho que permita que essa data seja de comemoração”, disse. “Somos uma sociedade de muitas humanidades, mas com muitas desumanidades”, acrescentou Cármen Lúcia.
‘Não aceitamos remunerações menores’
A médica pneumologista Margareth Dalcolmo destacou as situações pelas quais as mulheres passaram durante a pandemia, com as medidas restritivas impostas para enfrentamento da pandemia.
“Não somos guerreiras, nem amazonas, nem feitas de aço. Somos feitas de uma substância que nem a kriptonita pode definir. Somos feitos de uma substância que é plástica, se adequa, se adapta, se emociona, chora e sangra, mas uma substância especial que se chama mulher”, afirmou Margareth.
Ela afirmou que as mulheres representam 45% da força de trabalho na área médica do Brasil e não aceitarão níveis de remuneração menores em relação aos homens.
“O Brasil já tem uma representatividade que é formal e seguramente uma capacidade de produção intelectual. O Brasil é o 10º país em produção científica com a Covid-19. E tem praticamente um terço dos trabalhos publicados [por mulheres]”, ressaltou a pneumologista.