Segundo Aroldo Fernandes da Luz, o cenário jurídico vem passando por profundas transformações impulsionadas pela globalização, pela digitalização dos processos e pelo aumento da complexidade das relações sociais e comerciais. O advogado, que antes atuava de forma quase exclusivamente técnica, hoje precisa lidar com demandas que vão além da letra fria da lei. A atuação contemporânea exige visão estratégica, compreensão de contextos econômicos e sociais e, sobretudo, capacidade de adaptação.
Com a intensificação do uso da tecnologia, o surgimento de novas áreas do Direito — como o direito digital e o direito ambiental empresarial — e a busca por soluções extrajudiciais, o perfil do advogado também teve que evoluir. O profissional jurídico do presente precisa ser multidisciplinar, inovador e sensível às mudanças do mundo.
Quais são as competências técnicas mais valorizadas no advogado atual?
A base técnica continua essencial para qualquer advogado, mas o que se espera hoje é uma competência técnica ampliada. Isso inclui domínio profundo das normas jurídicas e processuais, atualização constante em relação às legislações e jurisprudências, e capacidade de interpretação crítica dos textos legais. Além disso, o advogado contemporâneo precisa ter conhecimento em áreas correlatas, como economia, finanças, gestão de riscos, proteção de dados e compliance.
Aroldo Fernandes da Luz menciona que se a técnica é importante, a forma de se comunicar e se relacionar é igualmente fundamental. O advogado contemporâneo precisa ter habilidades interpessoais sólidas, como empatia, escuta ativa, inteligência emocional e capacidade de mediação. Em um cenário cada vez mais voltado à resolução consensual de conflitos, saber dialogar com diferentes partes e construir pontes se torna uma vantagem competitiva.
A ética profissional ainda é uma competência relevante?
Mais do que nunca, a ética profissional continua sendo um pilar indispensável da atuação jurídica. Em tempos de exposição nas redes sociais, disseminação de fake news e uso intenso da internet, o comportamento ético ganhou novas camadas. O advogado contemporâneo precisa ser ético não apenas no trato com o cliente e com os colegas, mas também em sua presença digital, nas decisões estratégicas que toma e na forma como gerencia informações sensíveis.

A confiança continua sendo um ativo valioso, e qualquer deslize ético pode comprometer a carreira. Ademais, Aroldo Fernandes da Luz destaca que o compromisso com a justiça social, a responsabilidade socioambiental e a transparência são valores que se tornaram parte do novo código de conduta da advocacia moderna.
Como os cursos de Direito podem formar profissionais preparados para esse novo cenário?
A valorização da diversidade e a promoção da inclusão são temas centrais no mundo corporativo — e não poderia ser diferente no campo jurídico. O advogado contemporâneo deve estar atento a questões como representatividade, equidade de gênero, respeito à pluralidade cultural e acessibilidade. Isso implica não apenas defender esses valores em suas causas, mas também praticá-los no ambiente de trabalho, seja em escritórios, seja em departamentos jurídicos.
Para Aroldo Fernandes da Luz, compreender contextos sociais diversos, atuar de forma antidiscriminatória e construir ambientes mais justos são atitudes que impactam diretamente na qualidade da advocacia prestada. A diversidade amplia o repertório, enriquece o olhar jurídico e contribui para soluções mais criativas e humanas.
Por fim, os cursos de Direito enfrentam o desafio urgente de repensar suas metodologias e currículos. Aroldo Fernandes da Luz pontua que para formar advogados prontos para o mundo contemporâneo, é necessário ir além do ensino tradicional baseado em decorebas de leis. É fundamental incorporar disciplinas voltadas à tecnologia, mediação, inovação e diversidade. A formação do advogado do futuro começa na sala de aula de hoje — e ela precisa refletir a realidade complexa e dinâmica que o aguarda.
Autor: Yury Pavlov